A tradicional Festa da Fogueira do Inema ocorreu neste fim de semana em Paraíba do Sul. Considerada patrimônio cultural imaterial, as festividades de São João arrastam, anualmente, milhares de pessoas aos bairros sul-paraibanos que ainda mantém a tradição secular. A passagem sobre as brasas quentes da fogueira traz a cultura de tradição e fé das comemorações juninas. Além do rito, apresentações musicais e culturais abrilhantaram a noite do dia 23 de junho.
“O São João é um momento de fé, celebração e tradição. Esse festejo é uma bela representação de preservação da cultura popular e das raízes caipiras. É sempre uma alegria prestigiar os nossos artistas da cidade em um momento de resgate das nossas origens. Além disso, essas festas destacam a vocação turística do nosso município impulsionando a economia sul-paraibana”, declarou a Presidente da Fundação Cultural, Renata Letra.
A fé guiou os participantes sobre as brasas da fogueira de São João. A partir da 0h, em meio a rezas, pedidos e agradecimentos, os fiéis ultrapassaram a brasa quente em forma de louvor. O clima da noite ainda foi acompanhado pela tradicional ladainha que ocorre na casa da Família Menezes, que mantem a cultura de São João viva no bairro Inema. Apresentações de quadrilhas regionais e show de forró com o grupo Claudinei, a Potência do Forró, também marcaram as celebrações.
HISTÓRIA
A festa foi organizada durante muitos anos pelo Sr. Sebastião Menezes com a participação da comunidade do bairro Inema, tendo como ato inicial a “reza da ladainha” na casa do organizador. Mantendo a tradição centenária da família Menezes e dos fiéis, a devoção a São João é demonstrada através do tradicional ritual da passagem com pés descalços sobre brasas da fogueira, na madrugada do dia 23 para 24 de junho.
Segundo relato do Sr. Sebastião, seu bisavô contava que no período da escravidão no Brasil, escravos de uma Fazenda de Engenho planejavam uma fuga em massa. Sendo delatados, receberam o castigo e foram obrigados a passar descalços pela brasa quente. Quem conseguisse passar sem sentir dor e sem queimar os pés, ficaria livre das chibatadas.
Provavelmente o senhor de engenho e seus capatazes acreditavam que seria impossível alguém andar descalço sobre brasas. Este fato ocorreu por ocasião do dia de São João, e para surpresa todos os escravos conseguiram o feito. A partir daí os negros atribuíram que aquele que tem fé em Deus e em São João possui o poder de andar sobre brasas.